Ricardo Lucon é baixista e vive no interior de São Paulo. Dedica-se às pesquisas de bandas e músicos de rock progressivo, hard 70’s, jazz, folk e blues.
Trabalha de maneira intensiva para preservar e difundir a sonoridade analógica e a memória musical de um passado anterior à era digital, sempre trazendo informações relevantes para os apreciadores que procuram por referências interessantes.
RockPuro não disponibiliza downloads e que os trabalhos abaixo citados são apenas para referência, sendo que o texto é responsabilidade do autor.

 

Berry Oakley. Quando falamos em Allman Brothers, a primeira imagem que vem à cabeça é a de uma banda tipicamente on stage e, portanto, formada por músicos de altíssimo nível.
Suas explosivas e longas performances não aconteciam por acaso: entre seus integrantes havia o incrível baixista Berry Oakley, um sujeito que sabia exatamente onde, quando e como tocar.
Oakley (nascido em Chicago, em 4 de abril de 48), estava no meio de uma verdadeira batalha saudável na banda. Já é difícil tocar baixo fazendo a ligação entre a seção rítmica e a percussiva contando com um baterista só, então imaginem o mesmo trabalho, porém com dois bateristas... e tem mais: o Allman improvisava muito!
Mediante todo esse desafio, Berry Oakley tirava de letra e ainda tinha espaço para seus improvisos, como na gigante Mountain Jam.
Grandes desafios geram resultados surpreendentes (ou desastrosos). Nesse caso em especial, nosso baixista salta aos olhos com suas linhas inteligentes, precisas e, acima de tudo, emocionantes.
Envolto a toda magia que cercava as apresentações da banda, Oakley esteve presente na antológica apresentação na virada dos 60 para os 70, no cultuado Fillmore East. Um belíssimo show que entrou para os anais da história como uma grande celebração ao rock e ao blues.
Fiel ao seu Fender Jazz Bass que costumava chamar “The Biker Boy”, fazia uso de uma timbragem bastante moderada, nem tão grave, nem tão estridente. Era suficientemente sedoso, perfeito para a massa sonora que o Allman produzia.
Depois de três anos de banda, faleceu em um acidente motociclístico em 11 de novembro de 1972, infelizmente.
Foi socorrido consciente e ainda teve tempo para dizer que estava tudo ok. Faleceu três horas depois, deixando saudades e a marca de um super baixista até os dias atuais.
Seu legado, inspiração e obra definitiva podem ser conferidos nas músicas Don't Want You No More, It's Not My Cross To Bear, Whipping Post, Leave My Blues At Home, Les Brers In A Minor, Wasted Words e na impagável In Memory Of Elizabeth Reed.

Dale Peters. Formou ao lado do baterista Jim Fox uma das cozinhas mais legais e entrosadas do rock, quando integraram a James Gang, apesar de não terem alcançado grande sucesso comercial.
Peters estreou no grupo em 1970 no excelente Rides Again, substituindo o baixista original Tom Kriss. O groove e o acento pesado do som do trio caiu como uma luva para o baixista, que tinha grande desenvoltura e muita segurança, fazendo contrapontos às bases e solos do ótimo guitarrista e vocalista Joe Walsh.
Rides Again foi bem recebido pela crítica e público, e após o lançamento do álbum Live In Concert em 1971, o guitarrista pulou fora e partiu para o Eagles.
A dupla remanescente convocou novos integrantes e depois de algumas mudanças de formação, chegaram até o ano de 1973 com o lançamento de Miami, contando agora com o ex-Zephyr, o excelente guitarrista Tommy Bolin.
Essa nova fase foi fundamental para a banda e também para Peters, principalmente quando em 1974 lançaram Bang! onde o baixista talvez tenha feito suas linhas mais complexas e inspiradas, como nas músicas Standing In The Rain e From Another Time.
Passando por mais mudanças de formação, o grupo se arrastou até o ano de 1977, quando encerrou suas atividades.
Desde então, Peters sumiu do mapa e voltou ao cenário de rock somente em 1996, ano em que a James Gang ressurgiu com sua formação clássica e desde então vem se apresentando esporadicamente.
Nem sempre a história do rock é generosa com seus personagens, mas temos sempre nos lembrar daqueles tidos como coadjuvantes, e Dale Peters foi um excelente coadjuvante com postura de superstar, tamanha eficiência e precisão em suas atuações.
Além de Standing In The Rain e From Another Time, você poderá conferir as ótimas performances de Peters nas músicas The Bomber, Funk #49, Red Skies, Walk Away,  My Door Is Open e Red Satin Lover.

Liminha, cujo nome é Arnolpho Lima Filho, nasceu em São Paulo, em 1951. Protagonista de uma das páginas mais belas, confusas e emocionantes do rock brazuca, integrou Os Mutantes entre os anos de 1969 e 1974, período em que a banda começou a mudar o direcionamento musical e tornou-se um dos maiores expoentes do rock progressivo em terras nacionais.
Possivelmente em decorrência dessa mudança musical, a banda passou também por mudanças de formação, com a saída de Rita Lee em 1972 e mais tarde, o baterista Dinho.
O baixista estreou no álbum A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado, lançado em 1970, e trouxe uma nova perspectiva para Os Mutantes, deixando os irmãos Baptista centrados em seus instrumentos e nos vocais.
Em 1971 e 1972 lançaram respectivamente Jardim Elétrico e o album Mutantes E Seus Cometas No País dos Baurets, trabalhos fundamentais na carreira do grupo sob influências de Yes e ELP.
Ainda em 72, a banda acompanhou Rita Lee em seu primeiro trabalho solo, Hoje É O Primeiro Dia Do Resto De Sua Vida, creditado à ela por imposição da gravadora mas com total participação da banda.
No ano seguinte gravaram “A” e o “Z”, trabalho progressivo do grupo que foi engavetado pela gravadora e que só veio à luz em 1992.
Depois de deixar o grupo, Liminha iniciou uma bem-sucedida carreira como produtor musical, tendo trabalhado com gente como Elis Regina, Gilberto Gil, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Titãs e outros mais.
Recentemente o grupo retomou as atividades mas assim como Rita Lee, Liminha preferiu ficar de fora.
Apesar de seus poucos anos como mutante, Liminha deixou a marca de um verdadeiro herói das quatro cordas, trocando riffs eternos e geniais com Sérgio Dias em músicas como Jardim Elétrico, Beijo Exagerado, Uma Pessoa Só, Quem Tem Medo De Brincar De Amor, “A” e o “Z”, Dune Buggy, Jogo De Calçada e a música nacional mais doida que já ouvi, Saravá.

Phil Lesh. As gerações mais novas tem a errônea idéia de que baixista ou guitarrista bom é aquele que toca mil notas em um compasso. Então digo: músico bom é aquele que toca o coração e a alma do ouvinte, independente de técnica apurada ou sucesso comercial.
Phil Lesh nasceu Phillip Chapman Lesh em 15 de março de 1940, em Berkley, California, e pode ser considerado um dos músicos mais idolatrados do mundo, ao lado dos contemporâneos do Allman Brothers.
Integrou o Grateful Dead desde sua criação até sua extinção, entre os anos de 1965 e 1995, sou seja, 30 longos anos dedicados ao rock and roll interrompidos somente pela morte de seu bandleader Jerry Garcia.
Desde seu surgimento, os californianos do Grateful Dead arrastaram uma verdadeira legião de fãs para seus cultuados shows. Os mais afoitos se organizaram em um grupo chamado Deadheads, uma verdadeira legião fiel de fãs que acompanhavam o grupo em suas bombásticas apresentações.
Phil tinha um papel discreto na banda, não era exibicionista e tão pouco chamava a atenção para si, mas dentro da proposta da banda, desempenhava uma função fundamental: fazia a conexão perfeita entre os devaneios sonoros dos guitarristas Jerry Garcia e Bob Weir, e a seção rítmica da banda, composta por dois bateristas. Mais um baixista que se desdobrou em dois para dar conta do recado. E olhe que essa dupla nem se enveredou por “sonzinhos” e “barulhinhos” lisérgicos. A poção mágica da banda era um misto de ácido e rock and roll muito bem consolidado, mas sem tirar o pé das bases do rock and roll.
Lesh é tão fiel e ligado a história de sua ex-banda, que mesmo depois da dissolução do grupo continuou na ativa, reverenciando a musicália de sua ex-banda com o Phil Lesh and Friends e participando de reuniões com os ex-integrantes do Dead.
Esse é o sentido mais abstrato da história do rock, uma banda totalmente fora do eixo comercial mas que tem seu legado tão vivo quanto o de sua época de máxima atividade.
Vale lembrar sempre que as cordas mais graves, quando bem tocadas, extraem mais sentimentos que um solo virtuose de guitarra.
Phil Lesh chegou a essa perfeição nas músicas New Potato Caboose, China Cat Sunflower, Saint Stephen, Sugar Magnólia, Till The Morning Comes, Eyes Of The World, Slipknot!, King Solomon's Marbles (impagável) e Althea.

Mike Rutherford não tem a mesma fama e tão pouco a mesma técnica que muitos outros baixistas de sua época tinham, quando enveredaram pelos caminhos do rock progressivo.
Porém, assim como seus companheiros de Genesis que não eram tidos como virtuoses (com exceção do guitarrista Steve Hackett), merece atenção especial pelo trabalho coletivo da banda, onde cada integrante desempenhava um papel importante sem que houvesse a necessidade de destacar apenas um ou dois músicos para carregar o fardo nas costas.
É por essa ótica que Mike Rutherford ganha grande destaque e respeito dentro do cenário progressivo, abrindo mão muitas vezes do baixo e partindo para a guitarra, em prol da musicália do Genesis.
Ele nasceu em 2 de outubro de 1950, na cidade de Guildford, Inglaterra, e foi um dos fundadores do Genesis ainda muito jovem, com apenas 17 anos de idade.
Sua participação no grupo foi fundamental, usava múltiplos instrumentos conforme a necessidade da banda e assim ajudou a construir a sonoridade do Genesis “clássico”, aquele que ainda deixa saudades em milhares de fãs.
Foi assim que fez uso dos famosos double necks Rickenbacker e Shergold, uma combinação de guitarra de 6 ou 12 cordas e baixo.
Com a saída de Steve Hackett em 1977, o Genesis abandonou sua proposta musical inicialmente complexa e partiu para outra que se enquadrava perfeitamente aos moldes das FM’s, enterrando a criatividade da banda e consequentemente a de Rutherford.
Não satisfeito, durante os anos 80 e 90 além de tocar na versão pop do Genesis, criou sua própria banda pop, o Mike + The Mechanics.
É claro que Mike Rutherford atualmente não é nem sombra daquele músico que, junto ao Genesis, ajudou a criar uma das bases mais inspiradas do rock progressivo. Mas é inegável que sua contribuição no passado ainda inspira e emociona os fãs da banda, em canções singulares como Stagnation, The Knife, Los Endos, The Fountain Of Salmacis, It, I Know What I Like (In Your Wardrobe), The Cinema Show, ...In That Quiet Earth e Ace Of Wands, do álbum Voyage Of The Acolyte (1975), de Steve Hackett.

Roger Glover apresenta sua experiência, técnica e simpatia nos quase trinta anos em que está no Deep Purple, um dos raros remanescentes do puro hard britânico do início dos anos 70.
Produtor musical e multi-instrumentista, esse galês nascido em Breacon (em 30 de novembro de 1945) iniciou sua carreira profissionalmente no Episode Six, que contava também com o vocalista Ian Gillan.
Levado por seu grande amigo Gillan, ingressou no Deep Purple em 1969, com quem gravou clássicos absolutos como Deep Purple In Rock (70), Fireball (71) e Machine Head (72), até que foi despedido pelo guitarrista Ritchie Blackmore logo em 1973, no auge da carreira do grupo.
Trabalhou ao longo dos anos 70 como produtor em bandas como Nazareth e Judas Priest, e produziu também o excelente Callng Card, do Rory Gallagher, ainda lançou dois álbuns solo e no final da década foi convidado por Blackmore a participar da fase mais comercial do Rainbow.
Em 1984 o Deep Purple voltou à ativa com sua formação clássica e, desde então, Roger Glover permanece na linha de frente da banda até os dias atuais.
Curiosamente, com a entrada do guitarrista Steve Morse em 1995, Roger Glover subiu de produção e vem criando linhas de baixo geniais e inspiradíssimas, diferentemente daquelas gravadas entre os anos 80 e começo dos 90 nos fracos trabalhos da banda.
Baixista seguro, criativo e bem humorado, desenvolveu sua técnica e estilo calcados em influências do rock e do blues, assim como muitos outros desbravadores de sua geração.
Ao longo dos anos fez uso de marcas e modelos conceituados como o Fender Jazz Bass e o Rickenbacker, que vez ou outra ainda entra em ação. Porém, nos últimos anos vem optando pelos modelos Music Man e Vigier, uma tendência atual entre os baixistas.
Roger Glover é um exemplo claro de evolução musical. Um músico excelente que ficou ainda melhor com a experiência dos anos de estrada.
Com o Deep Purple gravou linhas de baixo incríveis como Living Wreck, Hard Lovin’ Man, Fireball, The Mule, Maybe I’m a Leo, Lazy, Pictures of Home, I Got Your Number, Sun Goes Down e Rosa’s Cantina.

Chris Squire, nascido no subúrbio de Londres, em 4 de março de 1948, teve uma formação musical variada, influenciado pela música de canto coral e a sonoridade britânica do começo dos anos 60.
Na segunda metade daquela década integrou algumas bandas de pouca ou nenhuma projeção, como o Selfs, The Syn e o Mabel Greer's Toyshop, quando tocou ao lado do guitarrista Peter Banks.
Em maio de 1968, encontrou-se casualmente com o vocalista Jon Anderson no clube noturno La Chasse, no Soho. Nesse encontro surgiu a idéia de formarem uma nova banda, o que seria a primeira formação do Yes, contando com o guitarrista Peter Banks, o baterista Bill Bruford e o tecladista Tony Kaye.
Seu estilo de tocar é marcante e único, soube com muita destreza e criatividade usar em seu favor as características mais importantes de um contrabaixo Rickenbacker: sua sonoridade mais aguda que a dos outros fabricantes de contrabaixos e também o fato de trastejar sutilmente ao longo de sua escala.
Além disso, Chris Squire foi muito inteligente ao fazer uso de palhetadas rápidas e constantes, extraindo de seu famoso Rickenbacker modelo RM1999 timbres inéditos e brilhantes.
O Rickenbacker virou sinônimo de rock progressivo graças a genialidade e competência de Chris Squire que ajudou a difundir essa marca entre os aficionados pelo estilo.
As passagens mais marcantes de sua carreira com o Yes podem ser conferidas em músicas como Yours Is No Disgrace, South Side Of The Sky, Sound Chaser, Siberian Khatru, That, That Is, On The Silent Wings Of Freedom e Hold Out Your Hand, de seu disco solo Fish Out Of Water (1975).
Chris Squire também inovou quando começou a utilizar efeitos de chorus e wah-wah, abrindo novas possibilidades para a sonoridade do Yes, principalmente no álbum Tormato (1978).
Continua ativíssimo ora com o Yes, ora em projetos paralelos como o Conspiracy, ao lado do multi-instrumentista Billy Sherwood.
Esse é o legado de um dos mais incríveis e fascinantes baixistas do rock: ousadia, personalidade e experimentalismos em uma época que o universo musical estava em franca expansão.

Greg Lake nasceu no dia 10 de novembro de 1947, em Poole, Inglaterra. Grande baixista que, junto com o trio Emerson, Lake and Palmer, difundiu uma nova proposta musical, pautada nos teclados de Keith Emerson e quase ignorando o uso de guitarra.
Enquanto Keith Emerson se encarregava em fazer o mix de rock e erudito, Greg Lake entoava cantos melódicos com sua voz doce, porém possante, e tinha a difícil tarefa de ligar a seção percussiva de Carl Palmer aos devaneios sonoros impostos por um tresloucado Keith Emerson.
Cabia à Greg Lake dosar cuidadosamente a sonoridade do trio, entre longos solos, instrumentais intrincados e inserções acústicas (Lake também tocava violão).
Esse equilíbrio chegou ao ápice com o lançamento do álbum Brain Salad Surgery em 1973, onde a banda apresentou o épico Karn Evil 9, uma suíte de quase 30 minutos de duração, dividida em quatro partes.
Após uma pausa de três anos, voltaram em 1977 com o álbum duplo Works. Em criatividade, foi o canto do cisne para o trio.
O ELP chegou aos cacos no final da década, quando enfim, encerrou suas atividades e cada integrante partiu para projetos pessoais.
No início dos anos 80, Greg Lake substituiu temporariamente John Wetton no Ásia, lançou dois álbuns solos com o guitarrista Gary Moore e ressuscitou o ELP com o baterista Cozy Powell (Emerson, Lake & Powell) - uma tentativa em vão de modernizar o som da banda.
A década de 90 viu o retorno do ELP aos palcos com o lançamento do mediano Black Moon (1992), e após a turnê de 1997/98 a banda encerrou novamente as atividades.
Greg Lake retomou sua carreira solo, excursionando com sua banda, Greg Lake Band.
De fato, toda elegância e maestria de seu trabalho se concentram nos primeiros anos de colaboração junto ao ELP e na primeira formação do King Crimson, em 1969, com quem gravou os dois primeiros álbuns da banda, principalmente o cultuado In The Court Of The Crimson King (1969).
Entre vários baixos, usou o Fender Jazz Bass, Fender Precision, Gibson Ripper e Alembic.
Para conhecer um pouco do trabalho de Greg Lake no ELP, ouça as músicas Tank, Karn Evil 9, Trilogy, Pictures At An Exhibition e Tarkus, além de 21st Century Schizoid Man e Epitaph, do King Crimson.

John Wetton inglês de South Derbyshire, nasceu em 12 de junho de 1949, destacou-se ao integrar uma das formações mais agressivas do King Crimson, que durou entre 1972 e 1974.
Participou do Mogul Thrash com quem gravou apenas um álbum homônimo, lançado em 1971. Naquele ano deixou a banda e partiu para o Family onde ganhou maior projeção ao gravar dois excelentes álbuns, Fearless (1971) e Bandstand (1972).
Em 1972 foi convidado pelo guitarrista Robert Fripp a participar da reformulação do KingCrimson, colocando em prática as idéias de Fripp que visavam a criação da música à partir de grandes improvisos e experimentalismos, explícito nos álbuns geniais Larks’ Tongues In Aspic (1973) e Starless And Bible Black (1974).
Após o fim do King Crimson, John Wetton participou de bandas como o Roxy Music, Uriah Heep e o excelente U.K., cujo álbum de estréia lançado em 1978 apresenta uma fusão perfeita de progressivo com fusion.
No começo dos anos 80 formou o Ásia ao lado do guitarrista Steve Howe, do tecladista Geoff Downes, ambos ex-Yes, e do ex-baterista do ELP, Carl Palmer, com quem gravou vários álbuns em meio a inúmeras mudanças de formação.
Aproveitando a pausa do Yes em 2006, os membros da formação original do Asia reuniram-se para uma turnê de comemoração dos 25 anos da banda e lançaram o álbum Phoenix em 2008, mantendo a mesma proposta musical comercial que os projetou na década de 80.
Apesar de ter passado por problemas com alcoolismo e uma cirurgia cardíaca, John Wetton mantém sua carreira solo e inúmeras participações e colaborações com outros músicos, trabalhando intensamente.
Ouça a timbragem única de seu baixo Fender Precision ano 1961, Fender Jazz Bass e do doubleneck Gibson (guitarra e baixo utilizado no Family) nas músicas do King Crimson Larks’s Tongues In Aspic, Part One, Easy Money, Doctor Diamond, Fallen Angel e Starless. Do Uriah Heep procure por Beautiful Dream, no U.K. Mental Medication e Nevermore e, para finalizar, do Family ouça Spanish Tide e Take Your Partners.

Glenn Hughes nasceu em Cannock, Inglaterra, em 21 de agosto de 1951. Muitas vezes é mais lembrado por sua belíssima voz, fortemente influenciada pela soul music, do que por sua grande habilidade como baixista.
Longe de ser um virtuose, mas dono de muita criatividade e feeling, começou a chamar atenção no começo do anos 70 no Trapeze, que era um trio, onde encontrou os espaços adequados para desenvolver sua técnica, abrindo margem para grandes improvisos.
Em 1973 surgiu o convite irrecusável para ingressar no Deep Purple, quando o baixista Roger Glover e o vocalista Ian Gillan saíram da banda.
O vocalista David Coverdale ingressou no Deep Purple para fechar a formação como quinteto e, assim, protagonizou com Glenn Hughes um dos duetos vocais mais fascinantes e memoráveis da história do rock and roll.
Após a dissolução da banda em 1976, Glenn Hughes partiu para a carreira solo, estreando em 1977 com Play Me Out, trabalho pautado na soul e funk music.
Começou bem os anos 80 ao formar o Hughes & Thrall, ao lado do guitarrista Pat Thrall, mas também assistiu a partir daí o declínio de sua vida pessoal e, consequentemente, profissional, causado pelo vício em cocaína e álcool.
Ainda assim integrou o Black Sabbath em 1986, mas não conseguiu fazer mais que seis apresentações com a banda e deixou o grupo após ter seu nariz quebrado em uma briga com o tour manager.
No começo dos anos 90 finalmente conseguiu livrar-se dos vícios e recuperar sua carreira com o lançamento do excelente L.A. Blues Authority Volume II: Glenn Hughes – Blues (1992).
Mantém uma carreira bem estável, fazendo sempre pequenos e médios shows, tocando em festivais e lançando álbuns cuja qualidade e regularidade é sempre muito boa.
Ao longo de sua carreira vem utilizando o baixo Fender Precision ano 65 e o Fender Jazz Bass de 1963, entre outros como o Music Man e Vigier.
Seus momentos mais marcantes podem ser conferidos em músicas como Way Back To The Bone e Medusa, ambas do Trapeze, Love Child, Gettin’ Tighter e The Gypsy do Deep Purple, Hold Out Your Life do Hughes/Thrall, ou em sua carreira solo, como It’s Alright, Written All Over Your Face, Dark Star, Take You Down, Big Time e Down.

Jack Bruce é escocês, nascido em 14 de maio de 1943, e é seguramente um excelente baixista, além de grande vocalista e compositor, tendo grande desenvoltura ao tocar piano, hamônica e violoncelo.
Ganhou destaque ao longo de sua carreira por sempre tocar ao lado de grandes guitarristas, como Eric Clapton no Cream, John McLaughlin (que tocou em seu segundo disco solo, Things We Like, lançado em 1970), Leslie West (no trio West, Bruce & Laing), Gary Moore (com o BBM) e recentemente, Robin Trower, em seu último álbum solo, Seven Moons (2008).
Jack Bruce vem de uma escola que não bastava ser apenas muito bom: tinha que ter talento, e muito. Foi assim que conquistou o respeito e admiração de vários outros músicos de sua época e de gerações posteriores.
Adepto nos anos 60 e 70 do baixo Gibson EB-3 e recentemente do Warwick frestless, musicalmente passou por uma fase um tanto estagnada no final dos anos 70 e meados dos 80, com alguns trabalhos solo abaixo da média e de sua capacidade de criação.
Conseguiu virar o jogo à partir de A Question Of Time (1989) e, em seguida, quando juntou-se ao ex-companheiro de Cream, o baterista Ginger Baker, e ao guitarrista/vocalista irlandês Gary Moore, para formarem o power trio BBM.
Os anos 2000 reservaram surpresas pessoais desagradáveis à ele, quando em 2003 descobriu que estava com câncer no fígado e quase veio a falecer quando houve rejeição ao novo órgão transplantado.
Mesmo em fase de recuperação, participou de uma pequena série de shows da mágica reunião do Cream, no Royal Albert Hall, Londres, em 2005.
Em franca recuperação, começou em julho do ano passado uma série de shows pelos E.U.A. apoiado pelos integrantes da antiga banda solo do baixista do Who, John Entwhistle, em tributo ao mesmo.
Procure por algumas músicas do Cream, como I Feel Free, Desert Cities Of The Heart e White Room, além de preciosidades de sua carreira solo ou projetos dos quais participou como Outsiders, Sam Enchanted Dick, Lives Of Clay, You Burned The Tables On Me ou I Wonder Why e veja o porque Jack Bruce vem de uma época em que ser bom baixista não era sinônimo de qualidade mas sim uma obrigação.

John Paul Jones, nascido em 3 de janeiro de 1946, em Sindcup, Inglaterra, atingiu o estrelato e reconhecimento mundial através dos mais de dez anos em que tocou no Led Zeppelin.
Com o quarteto gravou nove discos de estúdio, sendo um deles, Coda (1982), lançado depois do fim da banda, devido a trágica morte de seu baterista John Bonham em 1980.
Músico completo, não se limitava em apenas tocar incrivelmente bem seu baixo, também dominava instrumentos acústicos como o mandolim, o ukelê e o violão, além de outros pouco usuais como o koto, autoharp, sítara, lap steel e a guitarra elétrica.
Se não bastasse, também é um bom tecladista – muitas vezes abandonava o baixo para assumir as teclas da banda, fazendo uso de teclados como o Hammond, Fender Rhodes, Hohner Electra-Piano e vários outros.
Com seus baixos Fender Jazz Bass, Masons e Alembic, fazia uso de timbragens mais “gordas” que, somadas ao som da bateria de John Bonham, ganhavam potência e impacto incrível.
Preste muita atenção nas linhas de baixo inteligentíssimas e emocionantes, de músicas como Thank You, Heartbreaker, Good Times Bad Times, Carouselambra, The Song Remains The Same e Achilles Last Stand, possivelmente um dos exemplos máximos de sua carreira. Até Steve Harris, baixista do Iron Maiden, declarou certa vez que foi influenciado pelas “cavalgadas” do baixista em Achilles Last Stand.
Durante os anos 80 colaborou em diversas produções com os mais variados músicos, inclusive em duas reuniões dos remanescentes do Led Zeppelin, uma delas em 1985 durante o Live AID e outra em 1988 no aniversário de quarenta anos da gravadora Atlantic.
Lançou seu primeiro álbum solo, Zooma, apenas em 1999 quando pôde fazer uma turnê de divulgação.
Em 2007 reuniu-se novamente com seus ex-companheiros de Led Zeppelin para uma concorridíssima apresentação no O2 Arena, Londres, em um belo tributo a Ahmet Ertegün, co-fundador e executivo da Atlantic Records.
É inegável que as maiores recordações e glórias desse baixista são aquelas vinculadas ao Led Zeppelin, mas nunca podemos nos esquecer que por trás dessa fantástica banda havia a figura discreta de um gênio chamado John Paul Jones.

Roger Waters nasceu em Surrey, Inglaterra, em 6 de setembro de 1943, e conquistou o respeito e admiração junto aos fãs do Pink Floyd pelo período em que integrou o grupo inglês, entre 1966 e 1983.
Tecnicamente falando, não há nada de excepcional em suas linhas de baixo. Ele fazia o famoso “feijão com arroz” básico, tanto em estúdio quanto ao vivo, e não tinha grandes pretensões em ser um baixista por excelência: em 1992, disse em entrevista à revista Musician que “nunca fui um baixista, nem toquei qualquer outra coisa... não estou interessado em ‘tocar instrumentos’, nem nunca estive”.
Roger Waters estava na banda quando a mesma nasceu em 1966, fruto da Swinging London e, com a saída de Syd Barrett em 1968, debilitado mentalmente pelo uso excessivo de LSD, o Floyd viu-se perdido sem a sua principal referência e aos poucos foi moldando uma nova sonoridade que culminou no lançamento de Atom Heart Mother em 1970 e no excelente Meddle, em 1971.
Sem falsa modéstia, Roger Waters se refere aos trabalhos do Pink Floyd como obras de arte. Apesar de ser considerada uma banda de rock progressivo, seus integrantes não se importavam com rótulos e também não tinham a preocupação em apresentar trabalhos cheios de virtuosismo. Ao contrário, sua sonoridade aparentemente simples e recheada de efeitos sonoros proporcionava ao ouvinte uma “audição-visual”, idéia remanescente da era psicodélica.
Em sua careira solo, ainda nos anos 80, Roger Waters tentou levar a cabo essas idéias em discos conceituais, mas malfadados, e em 1990 reeditou The Wall em uma apresentação para mais de 200.000 pessoas na Berlin oriental, em comemoração à queda do muro que dividia a Alemanha em oriental e ocidental.
Conseguiu grande reabilitação ao lançar o excelente Amused To Death em 1992, que contou com a guitarra de Jeff Beck.
Durante os anos 2000 fez grandes turnês pelo mundo, inclusive tocando na íntegra o álbum The Dark Side Of The Moon, assim como fez sua ex-banda em 1994, quando editou o álbum duplo ao vivo P.U.L.S.E.
Sempre fiel aos baixos Fender Precision, suas passagens mais marcantes com o Pink Floyd podem ser conferidas nas músicas Echoes, Let There Be More Light, Lucifer Sam, The Gold It’s In The..., Shine On You Crazy Diamond e Sheep.

Allen Woody. é um dos baixistas mais importantes e expressivos da história recente do rock and roll do final dos anos 80, após uma década dominada pela pop music,
Em 1989, Allen Woody e o guitarrista e vocalista Warren Haynes participaram da reformulação do Allman Brothers Band, injetando novo gás à clássica banda e fazendo jus a sua brilhante história.
Pegando carona no sucesso dessa nova formação e aproveitando os intervalos entre as turnês, Haynes e Woody formaram paralelamente em 1994 o power trio Gov’t Mule, ao lado do baterista Matt Abts, uma das bandas mais poderosas, criativas e empolgantes dos últimos anos.
Mesmo atuando brilhantemente no Allman Brothers, Allen Woody encontrou no Gov’t Mule a condição perfeita para dizer a que veio ao mundo, afinal de contas era apenas ele e mais dois músicos dando conta do recado em apresentações furiosas e marcantes, fortemente influenciados pelo jazz, funk, blues e hard.
Woody nasceu em 2 de outubro de 1956 em Nashville, Tennessee, e durante a juventude começou a tocar baixo e mandolim em bandas locais. Participou da Artimus Pyle Band e posteriormente tornou-se amigo de Butch Trucks, baterista do Allman Brothers que o convidou a participar da banda.
Gravou três álbuns de estúdio com eles e outros três com o Gov’t Mule, além de alguns trabalhos gravados ao vivo.
Dono de muita agilidade e precisão absurda, fazia uso de timbragens “gordas” e sedosas através de vários modelos como o Gibson Thunderbird e EB, Alembic e eventualmente o Rickenbacker – tinha uma coleção em torno de 450 baixos!
Foi encontrado morto em agosto de 2000 em uma suíte de hotel no Queens, em Nova York, de causa não divulgada oficialmente.
Suas performances mais emocionantes com o Gov’t Mule estão nas músicas Thorazine Shuffle, Mule, Blind Man In The Dark, Trane e Bad Little Doggie. Com os Allman Brothers podemos citar It Ain`t Over Yet, Nobody Knows, Kind Of Bird e Back Where It All Begins.

Bill Wyman. Os Rolling Stones tomaram de assalto o planeta nos anos 60 com seu som despojado e teoricamente básico, influenciando os novos costumes e atitudes daquela geração ávida por consumir o novo formato do rock and roll: mais elétrico, mais dinâmico e mais experimental.
Seu baixista tinha um papel mais discreto em cena, se comparado ao da dupla Jagger & Richards, porém juntamente com o baterista Charlie Watts mantinha o trem sobre os trilhos.
Bill Wyman nasceu em 24 de outubro de 1936, em Londres, e ingressou na banda em 1962, onde tocou até o ano de 1992, quando se desligou do grupo.
Posteriormente fundou sua própria banda, o Bill Wyman's Rhythm Kings, com quem gravou cinco álbuns e está na ativa até hoje.
Sentiu necessidade em compor suas próprias músicas devido ao pouco espaço que tinha como compositor e em 74 finalmente lançou seu primeiro trabalho solo, Monkey Grip, e mais quatro trabalhos até 1992.
Baixista econômico e simples, mas muito seguro e preciso. Sua evolução como músico, principalmente ao longo dos anos 70, é impressionante. Não é um ás das quatro cordas mas foi um grande colaborador na construção do formato mais puro do rock and roll: simplicidade, diversão e muita energia.
Durante seus anos de Stones gravou inúmeros álbuns com a banda, como os clássicos Beggars Banquet (1968), Sticky Fingers (1971), Exile On Main St. (1972) e It's Only Rock 'n' Roll (1974).
Ao longo dos anos utilizou várias marcas e modelos de baixos, como o Fender Mustang Bass, Gibson SG, Travis Bean, Rickenbacker e Steinberger.
Músicas envolventes como Jigsaw Puzzle, Stray Cat Blues, Sway, Can't You Hear Me Knocking, Undercover Of The Night, Time Waits For No One, Soul Survivor e Fingerprint File retratam muito bem o trabalho desse verdadeiro herói do rock and roll.

Geezer Butler é um dos baixistas mais dinâmicos do rock and roll e dedicou toda sua a vida ao rock pesado. Assumiu a difícil tarefa de empunhar as quatro cordas no Black Sabbath que, além de ser um dos precursores do heavy metal, influenciou dez entre onze baixistas que se dedicaram ao estilo nas décadas posteriores.
Nasceu em 17 de julho de 1949 em Birmingham, Inglaterra, e apesar de começar sua trajetória tocando guitarra, partiu para o baixo quando o Sabbath foi formado, em meados de 1969.
Não menos importante que os demais baixistas de sua geração, Geezer Butler desenvolveu um estilo técnico, refinado e melódico dentro do Sabbath, fazendo a cama perfeita para a metralhadora criativa de riffs incríveis do guitarrista Tony Iommi, preenchendo as eventuais lacunas que uma formação baixo-bateria-guitarra costuma proporcionar.
E mais: tocava com as pontas dos dedos, dispensando o uso de palhetas, que lhe garantia maior ataque e agressividade às cordas de seu baixo Fender Jazz Bass.
Ainda nos anos 70 fez uso do Rickenbacker 4001 e do Gibson SG e, mais recentemente na reunião da formação original do Sabbath em 1981, chamada Heaven And Hell. Desde então vem usando o Lakeland, um modelo muito parecido com o Fender Precision.
Além da importante contribuição ao rock com sua técnica peculiar, experimentou vários efeitos no som de seu baixo, como o uso do wah-wah e o exemplo mais conhecido está na introdução da música N.I.B., do debut Black Sabbath, de 1970 – e na primeira metade dos anos 80, com o álbum Born Again (1983), recheado de vinhetas e modificações sonoras em seu instrumento.
Saiu e retornou ao Sabbath em diversas ocasiões, colaborou com Ozzy Osbourne em carreira solo e ainda encontrou tempo para lançar três álbuns solo entre 1995 e 2005, com sua banda G/Z/R, Geezer ou GZR.
Com o Sabbath fez linhas de baixo inspiradíssimas e marcantes como em Fairies Wear Boots, War Pigs, Heaven And Hell, Slipping Away, Thrill Of It All, Supernaut, After Forever e Spiral Architect.

Mel Schacher era o baixista do Grand Funk Railroad, que tinha em sua formação o que nenhuma banda da época poderia ter: um trator.
Assim podemos definir o som pesado e vibrante do baixo de Mel Schacher, afundado até o pescoço com muito groove e com sua timbragem especial que serviu como uma luva dentro da proposta daquele trio formado em 1968, na cidade de Flint, Michigan.
Foi um período de muito experimentalismo e inovações, e Schacher não ficou fora dessa quando um dia resolveu plugar seu Fender Jazz Bass em um Big Muff, um pedal para guitarra com um drive bastante apropriado até mesmo para um baixo.
Com essa “turbinada”, muita criatividade e aliado ao som poderoso dos primeiros anos do Grand Funk, Mel Schacher tornou-se peça fundamental dentro da banda.
Porém, não desfila na lista dos “grandes baixistas do rock” por um único motivo, talvez: sua banda teve sucesso estrondoso dentro dos E.U.A. por longo período, mas não obteve o mesmo resultado no restante do mundo.
Há de se ressaltar que isso não diminui nem um pouco sua importância no contexto musical dos competitivos anos 70.
Esse baixista nascido em 3 de abril de 1951, Michigan, gravou discos memoráveis junto ao Grand Funk, entre eles o On Time (1969), Closer To Home (1970), E Pluribus Funk (1971) e We’re An American Band (1973), atingindo vendas bastante expressivas.
A dissolução da banda aconteceu em 1977 e Schacher sumiu do meio musical, voltou para sua cidade natal onde abriu uma loja de material para construção.
Em 1996 houve uma bem sucedida reunião da formação original do grupo, que se estendeu até 1999.
Desde 2000, Mel Schacher continua na ativa com o Grand Funk, sem seu guitarrista, vocalista e fundador Mark Farner, fazendo cerca de 30 shows por ano.
Vale a pena conferir suas performances nas músicas Inside Looking Out, Save The Land, Foot Stopin’ Music, Loneliness, Feeling Alright, Ups And Downs, Call Yourself A Man, Got This Thing On The Move e Please Don't Worry.